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Estudo com fungos micorrízicos arbusculares é realizado na Reserva Ducke

FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES: UMA PRESENÇA IMPERCEPTÍVEL, PORÉM CONSTANTE NOS ECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS
 
Os Fungos micorrízicos arbusculares (FMA) são microrganismos simbiontes obrigatórios e onipresentes do filo Glomeromycota que, devido à sua baixa especificidade parasitária e sua ampla distribuição geográfica, está associado com a maioria dos ecossistemas terrestres e espécies de plantas, incluindo a quase totalidade árvores em florestas tropicais.
 
A distribuição espaço-temporal de comunidades biológicas é formada por processos determinísticos e estocásticos. O primeiro enfatiza diferenças entre as espécies em suas respostas aos fatores abióticos e bióticos, e este último destaca a importância da dispersão. Embora o papel desempenhado pela dispersão na determinação da estrutura da comunidade de FMA tenha sido pouco pesquisado, estudos sobre os efeitos das propriedades físicas e químicas do solo e estações do ano, mostraram que determinados processos desempenham um papel importante na regulação da composição e estrutura das comunidades de FMA.
 
Comunidades de fungos micorrízicos em floresta tropical primária são em geral complexas e ricas em espécies - e é o que possivelmente acontece na floresta amazônica-, mas que até o momento são poucos descritos e estudados e, por conseguinte, o padrão geral da ocorrência e da diversidade de FMA permanece desconhecido.
 
 
Com o intuito de minimizar esta lacuna, um estudo foi realizado por um grupo de pesquisa da Coordenação de biodiversidade do INPA para tentar esclarecer melhor a interação do FMA e os aspectos ecológicos. Este estudo deu origem a um artigo publicado recentemente na Revista Mycorrhizae (Arbuscular mycorrhizal fungal communities along a pedo-hydrological gradient in a Central Amazonian terra firme forest)
 
A pesquisa abordou a caracterização das comunidades de esporos de FMA e a avaliação da contribuição dos fatores abióticos e das plantas hospedeiras na regulação da composição, abundância e diversidade desses fungos em uma floresta de terra firme na Amazônia central.  O estudo foi realizado na Florestal Adolpho Ducke, onde foram coletadas amostras de solo ao longo de um gradiente em um terreno ondulado com diferentes solos e correspondentes propriedades hidrológicas, de áreas de alta altitude, caracterizada por solos argilosos pobres em nutrientes e bem drenados e, arenosos nos baixios, com um lençol freático próximo à superfície. 
 
Para avaliar a influência da identidade da árvore hospedeira em comunidades de FMA, o solo da rizosfera de três espécies leguminosas lenhosas foi amostrado: Andira micrantha Ducke e Eperua grabriflora ( Ducke ) Cowan, ambas distribuídas ao longo de todo o gradiente e Zygia racemosa ( Ducke ) Barneby & Grimes, normalmente encontrada em planaltos . Quarenta e um morfotipos de esporos de FMA foram observados com espécies pertencentes aos gêneros Glomus e Acaulospora, representando 44% da taxa total. 
 
A textura do solo e umidade, juntamente com a identidade do hospedeiro, foram fatores predominantes.  Os resultados obtidos corroboram a importância da divisão de nicho, em especial, a textura do solo e teor de umidade, na formação de comunidades de FMA. Mudanças na abundância relativa de esporos em vez de mudanças na composição das espécies foram observados ao longo do gradiente pedo-hidrológico. Enquanto a identidade da planta hospedeira explicou, em conjunto com o solo textura e umidade, a variação na abundância relativa de FMA, a composição das espécies dos fungos não foi afetada por quaisquer variáveis abióticas e bióticas, confirmando que espécies de FMA estão largamente distribuídas em comunidades de plantas.
 
Referência do artigo:
FREITAS, R. O., BUSCARDO, E., NAGY, L., MACIEL, A. B. S.,CARRENHO, R., LUIZÃO, R. C. C. 2013. Arbuscular mycorrhizal fungal communities along a pedo-hydrological gradient in a Central Amazonian terra firme forest. Mycorrhiza, 24: 21–32. DOI 10.1007/s00572-013-0507-x. disponível online