Entre os dias 15 e 21 de fevereiro de 2011, o Programa de Pesquisas em Biodiversidade-PPBio e o Acervo de Biológico da Amazônia Meridional/UFMT promoveram em conjunto o “Curso de Treinamento em Aracnologia: Sistemática, Coleta, Fixação e Gerenciamento de dados”. O curso foi ministrado pelos doutrores Ana Lúcia Miranda Tourinho, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Eduardo Vasconcelos, da Universidade Federal do Mato Grosso, campus Sinop, e pela mestre Regiane Saturnino, doutoranda do Museu Paraense Emílio Goeldi. O evento teve como objetivo a qualificação de alunos de graduação e pós-graduação na coleta padronizada e identificação de aracnídeos com a manutenção e gerenciamento de coleções científicas.
Durante uma semana de curso, alunos de diferentes instituições puderam aprender mais sobre a evolução, distribuição dos grupos, coleta e identificação de aracnídeos. Inicialmente, foram ministradas palestras sobre a origem e evolução das diferentes ordens, com informações detalhadas do registro fóssil e das diferentes teorias que tratam da filogenia do grupo. Os estudantes também puderam visualizar as diferenças entre as 11 ordens de aracnídeos atuais, principalmente aquelas mais comuns na região Amazônica.
Apesar de um bom embasamento teórico, a maior parte do curso foi voltada à parte prática, onde os alunos tiveram contado direto com os organismos no ambiente natural. A atividade teve início em uma floresta de terra-firme com a montagem de armadilhas de queda e a coleta noturna de aranhas, opiliões, escorpiões vinagre (Thelyphonida) e ácaros. No segundo dia de campo, os alunos coletaram os aracnídeos com batedores de vegetação e tiveram uma demonstração da utilização do método de extração usando Winkler. Durante os dois dias em campo, foi possível avaliar os diferentes métodos de amostragem, quais são suas vantagens e desvantagens e perceber alguns desafios na coleta destes organismos. Para muitos alunos a atividade também proporcionou a primeira atividade de busca e coleta sistemática no ambiente de floresta.
A finalização do curso foi mais uma vez com atividades práticas. Em laboratório durante os três ultimos dias, foi possível a separação do material obtido em campo nas diferentes ordens de aracnídeos e, posteriormente, em famílias. Os participantes aprenderam na prática a identificar as principais estruturas morfológicas na identificação e percorreram chaves de identificação específicas de cada ordem de aracnídeo. Além disto, o curso promoveu o aprendizado sobre o acondicionamento adequado deste material e a importância da informatização dos dados com uma aula prática no laboratório de informática.
Este evento representou o primeiro módulo de um curso planejado em três atividades distintas. A partir deste conhecimento adquirido, os alunos interessados em seguir neste campo da ciência terão condições de desenvolver estudos mais aprofundados na área. Os demais módulos darão continuidade a esta primeira etapa e os participantes, com o embasamento que receberam agora, poderão desenvolver estudos taxonômicos e ecológicos diretamente nos módulos do Programa de Pesquisas em Biodiversidade.
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