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INPA vence Prêmio FINEP Norte na categoria “Processo”

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) foi um dos vencedores da 10ª edição do Prêmio FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) de Inovação Tecnológica 2007. O INPA obteve o primeiro lugar na categoria "Processo" com o trabalho "Gengibre inibe crescimento de células cancerígenas", no qual desenvolveu um método para obtenção de zerumbona pura a partir da raiz de gengibre. A substância vem se mostrando bastante eficaz no tratamento do câncer. A pesquisa foi desenvolvida pelo cientista Carlos Cleomir de Souza Pinheiro, da Coordenação de Pesquisas em Produtos Naturais (CPPN).
 
A cerimônia de premiação foi realizada na terça-feira (18/09), em Porto Velho (RO). Na ocasião, foram anunciados os vencedores da etapa Norte. Ao todo, 85 propostas concorreram nas categorias: Produto, Processo, Instituição de C&T, Pequena Empresa, Média/Grande Empresa e Inovação Social. Somente os primeiros colocados em cada uma delas concorrem à etapa nacional, que acontece em novembro, em Brasília.
O processo desenvolvido obteve 97% de pureza do composto denominado zerumbone, batizado pelos pesquisadores de zerumbona e é extraído dos óleos essenciais das raízes de Zingiber zerumbet (L) Smith. O produto é utilizado contra células neoplásicas (tumores malignos constituídos de células do fígado, colon ou pele), comuns em pacientes com câncer. Trabalhos feitos anteriormente tinham obtido somente 37% de pureza. A porcentagem é considerada baixa para a formulação de um futuro medicamento.
 
O cientista explicou que para a extração da substância dos óleos essenciais foi utilizado o sistema de arraste-hidrovapor (utiliza-se vapor de água). Ele disse que os 97% de pureza foi obtido pelo processo de recristalização, além de ter conseguido um material totalmente puro. “Por meio de análises específicas foi possível propor a estrutura química da Zerumbona. Ela é totalmente natural”, destacou.
 
Zingiber zerumbet – É uma planta originária da Ásia tropical, pertencente à família Zingiberaceae que consta com 100 gêneros e cerca de 1.200 espécies. Algumas espécies são cultivadas no Brasil, as quais são conhecidas como gengibre, principalmente por terem se adaptado ao clima tropical.
Na Amazônia, elas se parecem com a mangarataia, bastante utilizada contra inflamações na garganta. Em algumas áreas rurais de Manaus, a espécie Zingiber zerumbet é utilizada como: antiespasmódico, antiinflamatório, contra cólicas e no tratamento de doenças estomacais. Informação confirmada depois de várias visitas feitas à comunidade do Tarumã Mirim e Puraquequara.
 
Começo – O trabalho com o Zingiber iniciou há doze anos a partir de visitas feitas a área do Tarumã Mirim e depois de fazer diversas pesquisas na literatura mundial sobre o uso terapêutico da planta. “Os estudos científicos revelam efeitos citotóxicos de zerumbona contra células cancerígenas (tumores malignos). Ou seja, o composto atua inibindo a proliferação das células doentes”, disse Pinheiro e acrescentou que existem estudos recentes que apontam o uso da Zerumbona contra a Aids. “A eficácia da planta se deve a sua estrutura simples”, explicou.
 
As pesquisas foram desenvolvidas no âmbito dos projetos "Novos Antioxidantes Amazônicos para Cosméticos e Bebidas", financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e "Componente Projetos Temáticos – Aplicabilidade da Biodiversidade: Bioprospecção" do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sob a coordenação da pesquisadora Cecília Verônica Nunez (CPPN).