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Pesquisadora do PPBio/CENBAM explica o fenômeno no jornal A Crítica. Veja reportagem completa abaixo.
No município de Iranduba, aranhas do gênero anelosimus se instalaram nas copas de mangueiras, cobrindo as folhas com suas teias
Aranhas ocuparam copas de mangueiras, onde teceram suas teias, chamando a atenção de quem passa pelo local (Antonio Lima)
A cena desperta a atenção e admiração pela inusitada cobertura branca ocupando as grandes copas de três mangueiras no município de Iranduba – situado a 25 quilômetros de Manaus. O manto branco, na verdade é formado pelos fios resistentes de teias produzidos pelas chamadas “aranhas sociais”, do gênero anelosimus, da família Therediidae, nativas da Amazônia, segundo a doutora Ana Lúcia Tourinho, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Ela acrescenta que são chamadas aranhas sociais pelo comportamento gregário de formar colônias, podendo reunir até mil indivíduos para tecerem essas teias em árvores ou em arbustos, explica a especialista.
De acordo com o funcionário do sítio onde estão as árvores, a “invasão” das aranhas começou há alguns meses e só vem aumentando, chegando, inclusive, às cercas de arame do local. As árvores pararam de produzir frutos e o proprietário já pensa em usar um inseticida para ver se impede a morte das fruteiras.
A espécie de rede elástica, branca como nuvem, que é produzida pelas aranhas sociais tem o objetivo de captar os insetos de que necessitam para sua alimentação.
“Essas teias nas árvores, que parecem uma nuvem, é compartilhada pelas aranhas da colônia de todos os tamanhos. Quando um inseto cai na teia as aranhas o atacam em grupo”, diz a bióloga, explicando que, nesses casos, a ocupação das aranhas começa em uma árvore e foi passando para as outras. E elas podem permanecer lá por muito tempo.
Inofensivas
Pós-doutora em Ciências Biológicas, Ana Lúcia diz que essas aranhas são inofensivas apesar de serem da mesma família que a Viúva Negra, cuja peçonha (substância tóxica) é venenosa. Ela observa, ainda, que esse comportamento de construir teias enormes, de vários metros, não é incomum nas áreas de ocorrência delas, que são comuns na Reserva Ducke, no conjunto Acariquara, campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), todos na Zona Leste da cidade, entre outros.
Ana Lúcia cita, inclusive, que durante a reunião da SBPC ocorrida em Manaus em 2008 foi realizada uma exposição sobre os aracnídeos da Amazônia e foi demonstrada uma colônia desse gênero para o público.
Fios resistentes
Algumas espécies de aranhas produzem teias que são até cinco vezes mais fortes do que o aço no mesmo diâmetro. A teia pode, ainda, se esticar quatro vezes mais que seu comprimento inicial. As teias resistem à água e a temperaturas até -45 °C sem se romperem.
Os filhotes aprendem a fabricar teia sozinhos.
A aranha poderia morrer presa em sua própria teia, mas sua pata é equipada com pelos que não permitem que isso aconteça. Existem, aproximadamente, 40 mil espécies de aranhas conhecidas, mas estudiosos calculam que este número pode chegar a 100 mil. Algumas aranhas sobem em pontos altos, liberam um fio de teia e se deixam levar pelo vento, povoando ilhas e continentes.