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Mata ciliar é a vegetação adjacente aos cursos de água e possui esse nome por atuar como os “cílios dos rios”, protegendo os recursos hídricos. Dentre as principais funções ambientais da mata ciliar estão a preservação das margens dos cursos d’água e a capacidade de retenção da água da chuva, evitando a erosão do solo e o assoreamento dos cursos d’água. Devido à importância funcional dessas áreas, também conhecidas como florestas ripárias ou baixios, elas são protegidas por lei, sendo classificadas como Áreas de Proteção Permanente (APP).
A qualidade da água dos igarapés depende da preservação da floresta ciliar.
A vegetação encontrada em matas ciliares é influenciada por fatores ambientais característicos, como a ocorrência de inundações. Na Amazônia Central, a influência das cheias na vegetação adjacente aos grandes rios vem sendo estudada há muitos anos e existe uma grande quantidade de informação disponível para embasar a conservação dessas áreas. Entretanto, há pouca informação disponível sobre a vegetação ciliar ao longo dos pequenos igarapés de terra firme, onde as inundações ocorrem de forma imprevisível e temporária em resposta às chuvas, sofrendo menor influência da sazonalidade.
Dentro desse contexto, Débora Drucker, Flávia Costa e William Magnusson, da Coordenação de Pesquisas em Ecologia do INPA, investigaram a mata ciliar em 20 igarapés na Reserva Ducke, AM. Os resultados deste estudo, publicado recentemente na revista Journal of Tropical Ecology, contribuem para a compreensão do funcionamento dessas áreas, de forma a fornecer orientações para o manejo eficaz e a conservação da biodiversidade e dos processos relacionados à manutenção dos recursos hídricos.
Segundo os autores, além da diversidade de espécies de ervas terrestres ser maior nos baixios que nas áreas altas, a largura da zona ripária varia de acordo com a largura dos vales ao longo dos igarapés. As espécies típicas das matas ciliares se restringem a uma faixa de largura variável, que pode chegar até 100 m a partir das margens dos igarapés.
Implicações para o manejo
Embora as matas ciliares sejam protegidas por lei (Código Florestal - Lei no. 4.771/65 e Lei no. 7.803/1989 que define a largura mínima das matas ciliares), elas são freqüentemente degradadas, comprometendo tanto a conservação dos recursos hídricos como da biodiversidade. Essas áreas são freqüentemente tratadas como homogêneas, embora possuam vegetação altamente diversa e variável de acordo com os padrões hidrológicos.
Os resultados deste estudo indicam que a largura da zona ripária não é fixa, como implicam as definições adotadas no Código Florestal. Dessa forma, o manejo eficaz dessas áreas deveria ser planejado complementarmente com base nas leis e em resultados científicos adicionais, abordagem que pode ampliar as informações disponíveis para os tomadores de decisão.
O estudo é parte da dissertação de mestrado de Débora Drucker, que recebeu bolsa do CNPq e financiamento do PELD/CNPq (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração).
Para acessar o estudo completo, por favor, clique aqui.
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