Estudo de mestrado da aluna Clarice Borges Matos, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia do INPA, em parceria com pesquisadores do Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônia (CENBAM) foi recentemente publicado na revista Biological Conservation. A pesquisa buscou testar os efeitos do tamanho do fragmento, da conectividade e do tipo de matriz sobre a assembleia de pequenos mamíferos não-voadores silvestres, conhecidos popularmente como ratos e gambás ou mucuras. Nas últimas décadas, muitos estudos em paisagens fragmentadas se concentraram nos efeitos do tamanho dos fragmentos de habitat e da conectividade entre eles. Porém a matriz, que é a porção da paisagem que circunda os fragmentos de habitat, muitas vezes predominando em área na paisagem, frequentemente é heterogênea, e pode influenciar a qualidade dos fragmentos e a conectividade entre eles de formas diferentes para espécies diferentes.
O estudo foi realizado em parcelas reestruturadas pelo PPBio na Área de Proteção Ambiental (APA) em Alter do Chão (Santarém, Pará). Esta área abrange um mosaico de fragmentos de floresta amazônica madura envoltos por dois tipos de matriz: floresta amazônica em regeneração e savana amazônica.
Os resultados da pesquisa mostraram que as espécies têm um padrão de distribuição não aleatório nos fragmentos, que esteve fortemente associado com o tipo de matriz ao redor de cada fragmento. As espécies associadas à matriz de floresta em regeneração eram principalmente roedores, relativamente maiores em peso corporal e em geral com preferência por frutos em sua dieta (frugívoros). Por outro lado, as espécies associadas à matriz de savana eram menores, em geral marsupiais insetívoros, animais que têm preferência por insetos em sua dieta. O tamanho do fragmento e a conectividade não apresentaram efeitos estatisticamente significativos sobre a assembleia.