Em Roraima, no extremo norte da Amazônia, existem cerca de 30 mil hectares plantados de Acacia mangium Willd. em áreas antes cobertas por savanas (os “lavrados”). Essa é uma condição única no Brasil, que possui 9,6 % (623.420 hectares) do total de florestas plantadas na Amazônia Legal, porém, a maior parte em Eucalyptus plantados em áreas ocupadas anteriormente por florestas nativas no Pará e Amapá. Propostas para uma Política Nacional de Florestas Plantadas preveem dobrar a área cultivada no país nos próximos 10 anos. A expectativa é um estímulo a conversão de áreas degradadas e pastagens de baixa produtividade em plantios florestais.
O aumento dos plantios florestais na Amazônia traz a necessidade de uma avaliação do valor de conservação para biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos (como ciclagem de nutrientes, estocagem e absorção de carbono) nesses ambientes visando prever cenários futuros e subsidiar políticas públicas. Com o intuito de suprir essa demanda de informação em Roraima foi firmada uma parceria entre a empresa F.I.T. Manejo Florestal do Brasil (que maneja as plantações) e a Universidade Estadual de Roraima (UERR), Embrapa Roraima e Universidade Federal de Roraima (UFRR) para iniciar um programa de monitoramento ambiental integrado, incluindo diversos elementos da paisagem. O delineamento adotado segue a metodologia RAPELD e contemplou a instalação de quatro módulos (duas trilhas paralelas de 5 km separadas por 1 km) e 40 parcelas permanentes distribuídos em seis fazendas na região conhecida como Serra da Lua, município de Bonfim, Roraima, distante 55 km de Boa Vista pela rodovia RR-207.
Os módulos foram instalados em um mosaico de plantações de A. mangium de seis diferentes idades (plantios de 2000 a 2006), remanescentes de lavrado, floresta estacional semidecidual e mata de galeria, compreendendo uma área de aproximadamente 190 km2. O clima da região é o tropical com um período seco de dezembro a março e um chuvoso de abril a agosto. As precipitações estão entre 1600 a 1700 mm anuais e as temperaturas variam entre 27 a 28 °C. Colinas suaves dão formas onduladas ao relevo. Os solos são muito variáveis em textura, mas em geral são pobres em nutrientes.
Espera-se que o novo sítio de pesquisas seja utilizado para estudos integrados e monitoramento visando responder várias perguntas ecológicas de implicação para o manejo e conservação da biodiversidade e serviços ecossistêmicos na região. O entendimento de como paisagens modificadas pelo homem podem manter a biodiversidade local representa um dos grandes desafios atuais da ecologia aplicada.