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Edição especial da revista Plant Ecology & Diversity sobre dinâmica de ecossistemas na Amazônia traz dois artigos de pesquisadores do CENBAM/PPBio

Schietti et al (2014) mostraram que a composição de espécies de plantas de diferentes formas de vida, incluindo árvores, lianas e palmeiras, varia em função da distância vertical do terreno até a drenagem mais próxima -- um indicador de profundidade do lençol freático derivado de dados topográficos do radar SRTM. Os resultados do trabalho mostram que há maior variação na composição florística em áreas com lençol freático superficial, enquanto que as áreas com lençol freático mais profundo têm composição de espécies muito similares -- indicando que a profundidade do lençol freático tem um papel importante para a substituição de espécies de plantas entre áreas. A alta variabilidade na composição florística em áreas verticalmente próximas da drenagem tem implicações para conservação das florestas ripárias. Atualmente, as florestas ripárias ao longo de pequenos cursos d'água são protegidas apenas em função da distância horizontal da drenagem, por uma faixa de 30 m de cada lado do curso do rio. Este trabalho mostra que as faixas de proteção de 30 m são muito estreitas para conservar o alto turnover de espécies nas zonas ripárias.
 
Emilio et al. (2014) mostraram que a abundância de árvores e palmeiras arborescentes nas florestas da Amazônia é limitada pelas propriedades físicas do solo, mas não da mesma forma para os dois grupos. Solos mais bem estruturados (i.e. solos menos densos, com melhor agregação de partículas que permitem a penetração mais fácil de raízes) suportam maior área basal de árvores enquanto palmeiras atingem maior área basal em solos mal estruturados. Os processos relacionados com este padrão também parecem ser diferentes entre árvores e palmeiras. Áreas com solos menos estruturados são mais dinâmicas (mais indivíduos morrem e nascem) o que está relacionado com a menor área basal de árvores nestes locais. Palmeiras não são sensíveis a diferenças na dinâmica da floresta e adaptações do grupo para garantir a ancoragem em solos de difícil enraizamento podem ser as principais causas do seu sucesso nestes ambientes. Os resultados deste trabalho mostram ainda que a influência das condições físicas do solo sobre a estrutura da floresta - seja ela direta ou mediada pelo dinamismo da floresta - pode ser grande o suficiente para moldar em grande escala a fisionomia das florestas na Amazônia.
 
 
Link para edição especial "Ecosystem Dynamics of Amazonian and Andean Forests"